Arquiteto formado pela UFRJ em 1968. Artista plástico, participou de diversos salões, entre eles o Salão de Artes Lúdicas no MASP, São Paulo. Dramaturgo, escreveu para o teatro inaugurando com sua peça o teatro Brigitte Blair em Copacabana. Trabalhou com Roberto Burle Marx onde participou de diversos projetos e na pintura de tecidos. Com o arquiteto Carlos Werneck colaborou no projeto para o teatro Municipal de Marionetes no Aterro do Flamengo. Fez curso de pós-graduação na Fundação Getúlio Vargas em Marketing e Propaganda. Em 1972 inaugura sua 1ª loja no Leblon onde cria a marca Em Uso inovando diversos conceitos de decoração vigentes na época. Cria objetos em pinho de riga, vidro, fibras e cerâmica, divulga a arte popular de diferentes regiões do Brasil e o artesanato requintado como elementos bucólicos de decoração. Como design da atualidade vai buscar no aço e no acrílico, em grande moda na época, sua inspiração. Comercializa pela primeira vez materiais reciclados abrindo, então, uma página inédita para novos artesões escoarem seus produtos. Cinco anos após, inaugura sua 2º loja no Largo dos Leões e posteriormente mais 2 em Nova Friburgo.
ANOS 70 - OS PRIMEIROS DESENHOS PRODUZIDOS PELA EM USO
Porta velas com base em madeira
Jogo de dardos
Porta lápis em acrílico cristal
Porta cassetes em madeira e acrílico
Porta retrato em vidro e acrílico opaco
Saboneteira de bancada em acrílico cristal
Porta cartões em aço inox
Estojo para escritório em pinho de riga e acrílico
Porta palitos em madeira
Bandeja para tira gosto e molhos em aço, madeira e acrílico
Base com 2 potes de porcelana para pastas
Saladeira em acrílico com base de aço
Tábua para pão com 3 cumbucas de porcelana para petiscos
MEGUMI YUASA
A loja Em Uso, pioneira de várias tendências fez chegar aos consumidores comuns a cerâmica de alta temperatura, tanto a utilitária como a decorativa, que entre nós, naquela época, tinha um status de arte maior sendo inacessíveis aos nossos bolsos. Inauguramos a loja do Leblon com diversos ceramistas entre os quais quero destacar um por se tratar de um artista ímpar: Megumi Yuasa. Disse ele: " O trabalho do ceramista é árduo. Ele tem que se haver a um só tempo com a delicadeza e a força." Destacamos 2 peças de cerâmica desta época vendidas na inauguração da loja.
DECLARAÇÕES DE UMA LOJA QUE VIVEU, CONVIVEU E SOBREVIVEU
O ENFRENTAMENTO Nos seus quase quarenta anos a Em Uso foi um polo de propagação de modas e modismos, de tendências e novidades. Ela viu a economia do País passar por várias mutações, viu o Cruzeiro, o Cruzado, o Cruzado Novo e outras moedas que foram chegando. Viu a inflação apoderar-se das nossas vidas, onde para sobreviver, as tabelas de preços tiveram que ser corrigidas diariamente. Enfrentou crises e viu, um belo dia, o dinheiro do povo ser confiscado pelo Governo e exclamou: e agora! E seguiu em frente...
A CLIENTELA Sobretudo a Em Uso viu que sua clientela era corajosa e otimista e não se intimidou com as adversidades e continuava a fazer do Natal a sua grande festa dos presentes. Comemorava o Dia das Mães, dos Namorados, dos Professores e tantas outras, porque nunca abriu mão de presentear a pessoa amada. Clientes festeiros, que compravam às pressas, copos e pratos, porta-pastas e espátulas, cestas de pães, tábuas e porta-guaranapos, para reunir os amigos em volta da televisão cada vez que o Brasil ia para a final nas Copas do Mundo.
O PERFIL DA CLIENTELA Pela Em Uso passaram arquitetos e designers, jornalistas e escritores, como Raquel Jardim que se inspirou no nome da loja para intitular um dos seus contos. Passaram cantores, músicos e maestros, artistas plásticos, atores e atrizes, executivos e socialites, profissionais da classe média formada por professores, psicólogos, médicos, advogados e outros tantos. Mas passaram também muitas pessoas comuns, gente simples que tinham, como todos os demais a sensibilidade do olhar e a busca do diferencial.
TENDÊNCIAS, MODISMOS E HÁBITOS
COMO SURGIAM, COMO SAIAM Os modismos, influenciados em grande parte pelos meios de comunicação, tinham ligação direta sobre as tendências de um "estilo", digamos assim, que determinava uma corrida à loja na procura de um objeto para um determinado fim ou artigos de decoração para darem o clima desejado na casa. Espelhados muitas vezes em telenovelas, reportagens, modo de vida de personagens importantes que saiam na mídia, estas tendências apareciam e desapareciam sem uma previsão lógica do tempo em que elas perdurariam.
LOUÇA BRANCA No início dos anos 70, louças estampadas, com frizos e bordas douradas foram postas de lado para dar lugar a uma louça totalmente branca. Isto incluía pratos, travessas, sopeiras, assadeiras, etc. Passou a ser "chic" uma mesa composta com estas louças brancas, onde o que deveria sobressair eram as iguarias ali servidas.
O VINHO DESMITIFICADO Em meados dos anos 70, a vinho passou a fazer parte do cotidiano da classe média. Foi a época dos novos "sommelier", que passaram a procurar copos diferenciados para os tintos ou brancos, em cristal transparente, para melhor apreciar a coloração da bebida. Boas opções para presente, na época, passaram a ser decanters, sacarrolhas, argolas para os gargalos, bombas para retirar o ar das garrafas, etc.
COUNTRY AMERICANO Em meados dos anos 80 o country americano invadiu as cozinhas brasileiras com estapas de patinhos ou vaquinhas. Foi a época dos vimes, das fazendinhas com babados nas cestinhas de pães, porta leite, porta requeijão, porta margarina, etc. As portas das geladeiras se crobriram de imãs, bem ao gosto americano. As mesas eram primorosamente arrumadas para o café da manhã ou o lanche da tarde.
CAFÉ, TÁ NA MODA Utilitários relacionados ao nosso ancestral café também estiveram na crista da onda em meados dos anos 90. A procura era por xícaras ou canecas estampadas com grãozinos ou raminhos de café, canecas em vidro para servir cappuccino, latas herméticas para armazenar o precioso pó, máquinas de moer café e acessórios para bater o leite para produção da espuma branca.
CRÈME BRÛLÉE No início dos anos 90 a sobremesa da moda foi o "crème brûlée". Nunca se soube exatamente como tudo começou. Talvez um comentário de um chefe de cozinha ou a divulgação de um restaurante afamado. Houve muita procura de cumbucas para servir a sobremesa da onda. Elas deveriam ser baixas de tamanho médio e refratárias. Procuravam também o maçarico para queimar o açucar que cobria o delicioso creme.
SANDUÍCHE A METRO Esta onda começou primeiro em São Paulo. Na segunda metade do ano de 1998 os cariocas importaram a ideia que ficou muito popular entre nós. Que coisa mais prática existiria que servir numa festa sanduíches que variavam de 85cm a 120cm com delícias por dentro? Todos começaram a procurar uma tábua que comportasse este apetitoso pão kilométrico. Tivemos que desenhar e produzir, às pressas, tábuas finas e longas de boa qualidade e apresentaçaõ. Tivemos a ideia de projetar um suporte que tivesse acoplado sobre ele um porta guardanapo feito com a mesma madeira. Foi o maior sucesso!
O KIT CAIPIRINHA Também teve sua fase e seu apogeu que foi no ano de 1999. O interessante é que ele não surgiu nem em Minas nem no Rio de Janeiro, supostamente as terras dos alambiques. O primeiro desenho que chegou até nós veio da terra do chimarrão- Rio Grande do Sul. Virou febre, muitos o comprava para mandar para o exterior, e assim fiquei sabendo que na Alemanha tinha um enorme sucesso. Um kit completo consistia em uma pequena tábua, uma faquinha, um copão geralmente em vidro grosso, um espremedor de limão em madeira e um mexedor.
O PROSECCO Na virada do século o brinde para a noite de réveillon teria que ser com um prosecco bem gelado. Houve então uma grande procura por copos para servir a bebida da moda. Eles deveriam ser altos, os chamado "flute", em cristal, de corpo delgado e com gambo alto. Foi também grande a procura de baldes para manter a bebida gelada.
A ARTE NÁUTICA
Nos anos 80 surgiu uma nova tendência que abraçava um tema de decoração muito específico: a "Arte Náutica". Na época, casa em Búzios, era sinônimo de status, Angra despontava no outro extremo e a Região dos Lagos nunca tinha sido tão procurada. A Em Uso, atravéz de 2 destacados artistas, irmãos, foi uma das precursoras no lançamento desta arte. Foram lançados abajures, bandejas, porta gelos, baús, porta copos,porta chaves e dezenas de outros objetos inspirados no tema. Muitos deles eram pintados à mão livre. A seguir: 1) placa pintada por Roberto Tofani. 2) quadro de nós de Rodolfo Tofani. 3) placa com dizeres -foi uma homenagem à loja Em Uso por ter divulgado seus nomes.
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A ARTE POPULAR NA EM USO: EX-VOTOS
A Em Uso, por volta de 2002, colocou a disposição de seus clientes uma fantástica coleção de dezenas de ex-votos. As peças tinham grande valor estético por se tratarem de exemplares antigos, selecionados, da cidade de Canindé, Ceará, Brasil. Eis algumas peças que fizeram parte desta mostra:
ALGUMAS REPORTAGENS SOBRE A EM USO
Correio da Manhã (07/06/1972)
O GLOBO, 01 DE NOVEMBRO DE 1973
O OBJETO EM USO Em nossos dias, o objeto de decoração perdeu muito de sua função estática de mero adorno, para ser peça viva e vibrante em qualquer ambiente. Dos artigos e preciosos "biscuits" às modernas concepções em acrílico e metal, o tempo passou e constatou-se uma mudança radical. Hoje, os objetos de decoração têm como função primordial atrair a atenção de quem olha e provocar uma ligeira curiosidade, levando a pessoa a querer "brincar" com eles.
e continua... Na loja em uso, especializada em objetos de decoração, tanto a criança quanto o adulto se sentem atraídos a mexer no mundo de formas e cores que se espalha sobre suas prateleiras. A maioria do que se vê parte da imaginação do designer da casa, Reynaldo Bochner, cujos trabalhos são exclusivos para sua loja e permanentemente renovados. Daí, os lançamentos serem periódicos. Metal e acrílico preto podem encontrar-se num trio de formato ovalado, apropriado para guardar sal, pimenta e palito, dando à mesa, nas refeições, uma graça toda especial.
e conclui... Uma espécie de "pagode" em vidro, repleto de óleo colorido, é peça de destaque, de grande efeito e originalidade. O mesmo em relação às mãos em metal, suporte perfeito para livros, em estante ou sobre uma mesa de trabalho. Em Uso é uma exposição constante e variada do que há de novo em matéria de decoração.
O Globo (11/06/1973)
Jornal do Brasil (17/12/1976)
Revista Veja (23/06/1993)
Revista Veja (22/09/1993)
Revista Veja (02/03/1994)
Revista Veja (06/07/1994)
Revista Veja (31/08/1994)
Revista Veja (02/11/1994)
Revista de Domingo - O Globo (21/05/1995)
Revista Veja (21/06/1995)
Revista Veja (14/09/1996)
Revista Veja (23/04/1997)
Revista Veja (14/04/1999)
Revista Veja (02/08/2000)
Algumas louças com o logotipo da Em Uso nos anos 70